terça-feira, dezembro 12, 2006

Das flores

Errei, errei de novo,
Errei melhor.
E o que não tinha mais lugar
O certo ocupa.

Ah!
Desejo e culpa
No veneno que bebo
Pra esconder entre os dentes
O que a ciência jamais saberá.

Religa em mim
Algum Deus faminto por perdão.
Tornei-me vários
E me perdi em muitos.

As cores nas flores
Ainda justificam a existência do que é.
Assim, um dia qualquer,
O ontem será amanhã
E soldados dançarão ballet.

Leleco.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Umbigo

Tantos e nenhum
Nem ela, nem eu
Lambendo o céu
Enterrado na terra
Viver num corpo assim
Inteiro ou completo.

Dentro ou fora
O espelho sabe mais de mim
O sorriso de agora
Mistura explosiva do fim.
Segundo o minuto,
No meio das gritarias
Nascem estrangeiros de outro mundo.

Brincando sem parar
De ser tudo, menos humano
O ar que está quase acabando
Pouco importa aos americanos.
Cala a boca, poeta!
Afinal, pra quê se preocupar em versos
Se somos o umbigo do Universo?

Leleco.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Fragmentos

Quem espera tá sempre sozinho
Quem não espera já tá acompanhado
Fragmentos do meu discurso amoroso
Terminam espalhados pela cama.

Derramo meus dias em você!
Quase 17.520 horas desde o primeiro beijo.
"E eu dizia: Ainda é cedo..."

Leleco.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Lula lá!!!

Eu quero lembrar àqueles que são da minha idade - e quero revelar aos menorzinhos -, que errar faz muito bem à saúde... desde que se aprenda. Nós aprendemos muito, aprendemos que não podemos continuar errando os mesmos erros que erramos no nosso passado político. Nunca mais os erros de 64: nunca mais a divisão.
Como cada um de nós é uma unicidade, é natural que, mesmo quando pensamos a mesma coisa, pensemos essa mesma coisa de forma diferente. Cada gêmeo, cada família, cada torcedor de um mesmo time, cada membro de uma mesma associação antifascista, cada militante de cada partido político de esquerda, por mais que tenha, com os demais, um sólido denominador comum, pensa de forma diferente a mesma coisa igual. Isso é maravilhoso, é assim que se avança: cotejando opiniões, dialogando entre companheiros, manifestando dúvidas e hesitações. Mas tem um porém: vezes há em que o combate se dualiza e o mundo se divide em duas metades: não existe terceira metade, não existe a terceira margem do rio. É lá ou cá. É este esse momento: ou cá ou lá!
Em 1964, a esquerda se dividiu em ALN, PC do B, Var-Palmares, MR8, PCR e outros: um mais à esquerda, outro menos à esquerda; um, um pouco mais ou menos à esquerda, outro menos ou mais; uma esquerda assustada, timorata e temerosa, outra, afoita, destemida e corajuda. Eram tantas divisões e dissidências, dissidências das divisões e divisões das dissidências, divisões das divisões e dissidências das dissidências, que, nós, que éramos a maioria, que éramos todos contra a ditadura mas estávamos divididos, nós fomos vencidos. Todos. Perdemos para uma ditadura sólida, que também tinha nuances, inimizades, conflitos econômicos, mas eram todos ditadores. Perdemos e pagamos caro a derrota - no espírito e no corpo. Pagamos caro.
Hoje, só eu penso como eu, só Lula pensa como Lula, só cada um de nós pensa como cada um. Mas, mesmo pensando diferente, pensamos a mesma coisa: temos que derrotar esses adversários. Não para que sejamos vencedores, - não há medalhas a distribuir, nem taças nem troféus - mas para que vença o povo brasileiro. Não por nossa causa, ou não apenas, mas pela causa dos países irmãos nossos vizinhos, pela causa dos países escravizados da África e de toda parte, globalizados, fagocitados pela potência hegemônica que dissemina a guerra inclemente e a pilhagem desavergonhada. Não por nossa causa, ou não apenas, mas pela causa dos pobres e miseráveis do mundo inteiro, inclusive dos países ricos, pois que lá também existem oprimidos, humilhados e ofendidos.
Não somos nós que radicalizamos: é a direita! Hoje, nós estamos diante de uma direita canibal - no sentido figurado, pois come as riquezas do Brasil, privatizando, privatizando, privatizando, e dizendo “Sou lobo feroz sim, porém... vegetariano!” A direita é também canibal no sentido literal, como aconteceu domingo no Leblon, quando alguns fascistas comeram um dedo de uma militante petista. E tiveram a sem-vergonhice de dizer que o comiam para que ela tivesse no corpo a marca do Lula… Foi o que disseram eles, e eu digo: se fosse necessário marcar no corpo a sua ideologia, então a direita teria que cortar, ela própria, não um dedo, mas suas cabeças vazias. Eu não quero dizer nem peço, eu não peço nem penso que devemos esquecer as diferenças que temos. Temos que vencer a direita, sim, mas temos que continuar mobilizados depois da vitória.

Para vencer a direita não basta votar em Lula todos os que já são de esquerda: é preciso que nele votem também os mal informados: são esses que devemos conquistar. Temos que votar e multiplicar!
Na primeira posse de Lula houve um acidente e um incidente que ficaram gravados nos olhos da minha memória. O acidente foi o carro onde estava Lula quando ia tomar posse. O calhambeque, bonito carro de coleção, subia uma ladeirinha quando morreu o motor. O risco era que voltasse tudo pra trás, ladeira abaixo, com Lula dentro. O povo, o querido povão que estava lá, não hesitou: empurrou o carro que subiu ladeira acima e o povo ficou olhando o carro que se afastava. Depois da posse, aconteceu o incidente: o povo queria ver de perto, abraçar o presidente, mas tinha pela frente um espelho d´água. Outra vez o povão não hesitou e, vestido como estava, mergulhou n´água, e foi lá para o palácio encharcado, pingando peixinho dourado, foi abraçar Lula, ou ver de perto.
Hoje, mais uma vez, mais do que nunca, não podemos hesitar: temos que mergulhar no espelho d´água, temos que empurrar o carro montanha acima, e temos que continuar empurrando depois da vitória, empurrando sempre, porque não é justo deixar que um homem só faça o trabalho que compete ao povo inteiro. Nossa maior emoção política foi no dia em que paramos de gritar Lula Presidente e pudemos gritar Presidente Lula. Ele foi eleito, mas fomos nós que gritamos. Lula, nós sempre estivemos do teu lado e, hoje, mais do que nunca, estamos com você! Mas de nós, Lula, você nunca mais vai se livrar. Assim seja!

terça-feira, outubro 10, 2006

Sem Sabor

Eu não sou você
Mas o que sou me percebo através de você.
Quando tenho eu não sou
E quando sou eu não tenho
O que há de errado com isso?

No meio de duas Fernandas
A psicanálise se lança,
A minha cabeça balança
Num quadro simples onde eu vejo
Que sou forte e talvez fraco
À medida que desapareço.

Inconveniente vantagem essa
De ser macaco falante
Se quase sempre me calo
E acabo nem de um lado nem do outro.

Canto jardins pra nascer primaveras
A existência já não assusta tanto
Coloco sabor no outro beijo
Pra redimir os meus danos.

Leleco.

domingo, outubro 08, 2006

Narciso

Há uma variedade perdida
De verde em meus olhos.
O sorriso de quem volta do inferno
É sempre mais vedadeiro
Dos que insistem em viver no céu.

Não sou movido por culpa nem pena
Como você pensa que poderia ser?
Encontro no bolso
O nome daquilo que não queria um nome
E o melhor que eu posso fazer com isso
É experimentar o ângulo da queda fatal.

E mesmo se o não-saber soubesse
Não saberia jamais
Que tudo o que eu fiz
Foi alimentar o meu narcisismo em você.

Perigoso é passar pelo inverno
De sombras semelhantes
Que se escondem em mim
E desafiam o que há de mais constante.
Quem nega os sentidos sou eu!
A arte canta meus remendos...

Quem me salvará
Se no próximo espelho eu me afogar?

Leleco.

segunda-feira, setembro 25, 2006

O céu de Copérnico

Diferente e vivendo
O caos do mapa astral
Assim como Plutão,
Fui morto pelo esquecimento dos intelectuais.

A origem do universo e minhas lateralidades
Desaparecem diante do seu sorriso morno.
Difícil é compreender
Como nunca me equilibro longe do seu corpo.

O céu de Copérnico
Já não pode ser o mesmo que o meu.
Agora esse curto-circuito
Produz novas possibilidades de futuro.

Leleco.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Travesseiro

Acendi a vela
Velei a velha vontade de esquecer
Agora que mudou
Não sei por onde começar.

Escrevo com o sangue
Da orelha de Van Gogh
As minhas incompletudes
Que nunca se completaram em você.

Na verdade,
Nunca sei o que ser quando estou com você.
Apenas sou a transparência de indecência
Na luta por sua existência.

Arrume as malas
Porque essa fila longa do banheiro
Me fez pensar
No seu cabelo liso em meu travesseiro.

segunda-feira, agosto 28, 2006

60 Segundos

Rasguei a cara de tanto rir
60 segundos de felicidade
No dia que eu fui
Pipoca de estourar saudade.

Não conheço ontem ou amanhã
Melhor que hoje
E só assim a relação do tudo com o nada
Pouco vale ao lado da mulher amada.

Todas as cores
Do arco-íris de nossos beijos.
Separei terno e alianças,
Não sou príncipe nem santo
Mas foi tão bom molhar nossos pés no Oceano...

Para Débora.

Leleco.

domingo, agosto 20, 2006

Farelo de Ego

Apaguei cigarros
Acendi suspiros
Farelo de Ego
Pra Freud é banquete!

Afundo no divã rasgado
De Deus ou de algum diabo
Pedaço de língua solta
Num universo qualquer da boca.

Sopra sempre a dúvida
Na minha cara amarrotada.
Não sou objeto de transferência de ninguém
E o que eu faço com o que sobra?

Porque assim sou
Instável em passos curtos.
O meu sorriso largo
Ainda acredita em meio-mundo.

Leleco.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Post Coitum ( Após o coito)

As minhas incertezas
Continuam ardentes e coloridas
Reticências que ninguém fala.

Idéias voando
Ao redor da cabeça leve
E a dúvida alojada no mesmo olhar.

Comprei nuvens com o troco do cigarro
Possibilidade infinita de felicidade
Em sorrisos remendados.

Escureceu em mim
E não consegui dormir
Me masturbei
E sorri.

Leleco.

domingo, agosto 06, 2006

O Brasil é MEDROSO!

Recebi um e-mail de um amigo bastante puto com a situação atual no Brasil... resolvi colá-lo aqui e cada um que tire suas conclusões.


CRIANÇA ESPERANÇA no Cú DOS OUTROS É REFRESCO.
Vão todos se foder: Xuxa, Angélica, Renato Aragão e qualquer outro
artista que participar desta bosta de CRIANÇA ESPERANÇA.

Não vou contribuir com um puto sequer. Não é minha obrigação
sustentar crianças famintas ou abandonadas. Esta obrigação é do
Governo. Está na constituição!

Minha obrigação é obedecer as leis do Estado e pagar os impostos
(todos pagos rigorosamente em dia) para que o governo faça isso.

Mas o que os nossos digníssimos políticos fazem? Enfiam todo o MEU
(e o SEU também) dinheiro na cueca e depois dizem na maior cara de pau
que isso é folclore, que não sabem de nada!

Se a Rede Globo quer dinheiro, ela que vá pegar o dinheiro que está
atochado no rabo da corja do PT.CADA VEZ QUE SE LIGA PARA O TELEFONE
INDICADO PELA GLOBO, ELA LEVA O SEU. NO FINAL FATURA MILHÕES.

Ficou puto comigo? Acha que eu sou insensível e que não me preocupo
com a situação da sociedade, com as crianças famintas? Preocupo-me
sim. É justamente por isso que estou aqui escrevendo isso.


Até quando isso vai continuar? Quando esse povinho de merda vai
acordar eperceber que só toma no c* ? Fernando Collor foi banido da
política por causa de uma simples Fiat Elba. O que a corja do PT ainda
precisa fazer para que se tome a mesma atitude que expulsou o
"collorido"?

Aos que ainda não me conhecem, peço desculpas pela linguagem
desbocada e agressiva. É que estou muito puto da vida e de saco cheio
desta MERDA chamada Brasil.

sexta-feira, julho 21, 2006

Imagina-ação

Já vi cidades e hospícios
Flores no asfalto e no caixão
O inverno levou o cabeludo pregado na cruz
Areia quente ao sabor da luz.

É preciso dizer todas as coisas que espalho pelo ar
Enquanto você engole saliva
E se veste de razão.

Não quero mergulhar em corpos misturados
Que se apertam nas ruas, mêtros e filas de supermercados
Procurando um pedaço de céu
Atrás de alguma religião.

O tempo se escondeu nos meus encontros
No futuro que nunca chegou
Ou na saudade que restou.
Agora quero o máximo
Da coragem dos covardes
E me lançar do terceiro andar
Em todas as direções do espaço.

Leleco.

segunda-feira, julho 17, 2006

Sem nunca ter sido

Pareço louco
Quando o que sai do olho
É o que não consegue sair pela boca.

Às três da madrugada
Tudo ou quase nada
É alguma Paula pouca amada
Num passado sem memória e sem história.

Puxa o meu cabelo
Enquanto o Leoni ou a Celly Campello
Cantam um velho rock preu dormir.
E eu tão imbecil
Repito a fé dos que sentem culpa.

Acendo mais um cigarro,
A saúde vai pro ralo
E você me fala sobre astrologia
Como quem me quer bem
Sem nunca ter sido minha.

Leleco.

quinta-feira, julho 06, 2006

Mínimo do Máximo

O mínimo do máximo
Medo de envelhecer
É enganar o tempo
E arrancar da vida
O que há de mais vivo
Na cabeça do suicída.

Não acredito em meus ouvidos
Quando a gritaria começa
Suporto até a minha líquida solidão
Pra escrever a beleza mais feia
Que existe numa separação.

Vou mastigar loucura
E vomitar realidade
Num copo de conhaque
Com gelo e saudade.

Quero doze passos
Que me façam rodar
Até a valsa acabar
Agora que a bailarina
Deixou de me acompanhar...

Leleco.

sexta-feira, junho 30, 2006

Menos é quase mais

Encontro antes de procurar
O velho lugar
Feito de saudade
Pra quem não sabe sonhar.

Agora
Lá do outro lado
Repito o que ficou pra trás
Quando menos é quase mais.

Invento na escrita
Minhas próprias mentiras,
Delícias e universos
Desfilando um certo ar moderno.

Carrego nas costas
O meu estranho nome
Depois que eu descobri
Que pouca coisa sobrou em mim.

Leleco.

terça-feira, junho 06, 2006

Vamos DINAMITAR a Burguesia!!!

Manifestantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) invadiram a Câmara dos Deputados e tomaram conta do Salão Verde, que fica em frente ao plenário, no início da tarde desta terça-feira.
Os sem-terra pedem a revogação da lei que obriga vistoria em terras ocupadas e a ampliação dos recursos para a reforma agrária. "Nós queremos mostrar que as leis e o atraso na votação do Orçamento causaram prejuízos para a reforma agrária", disse Ana Cláudia Guedes, coordenadora do MLST em Minas Gerais. A confusão começou na entrada no Anexo II do prédio da Câmara que dá acesso ao corredor de comissões, no choque entre os manifestantes sem-terra e servidores da Saúde com os seguranças da Casa. Os funcionários públicos recuaram e os sem-terra utilizaram um Fiat Uno vermelho zero quilômetro, que seria sorteado em uma festa junina de funcionários públicos, para quebrar a primeira porta de vidro que dà acesso à Câmara.
Os sem-terra romperam o cerco da segurança da Câmara e deixaram um rastro de destruição desde a entrada lateral do Anexo II até o salão onde estão instalados. Na entrada da Câmara, quebraram a porta de vidro, destruíram as exposições que antecedem o Salão Verde e quebraram mais uma porta de vidro.

sexta-feira, junho 02, 2006

Pão & Circo

Congresso pára a uma semana da Copa do Mundo BRASÍLIA – Há sete dias do início da Copa do Mundo da Alemanha, o Congresso Nacional está parado. As votações estão congeladas nos plenários do Senado e da Câmara desde a semana passada.
Publicidade
Até agora os deputados não votaram a medida provisória que reajusta o salário mínimo de R$ 300, para R$ 350, que está em vigor desde abril.

* E depois da Copa, vem o Circo Canadense ( é... aquele mesmo que aparece no Programa do Fantástico. O Ministério da Cultura liberou R$ 10 milhões para o tal cirquinho... enquanto pouco incentiva a cultura BRASILEIRA).
Quem são os palhaços?

quarta-feira, maio 31, 2006

31 de maio de 1979 e eu já não tenho 19...

Eu não posso entender
Essa vida tão injusta
Não vou fingir que parou de doer
Mas um dia isso vai acabar.

Eu não consigo me convencer
Que essa vida não foi injusta
Tanta falta me faz você
Queria ver você em casa.

Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Como é meu o meu aniversário.

(Nando Reis)

segunda-feira, maio 29, 2006

De malas prontas... vou pra MARTE!

Suzane von Richthofen deixa prisão em São Paulo
RIO DE JANEIRO (Da Redação Click 21), 29 de maio - A estudante Suzane von Richthofen, que confessou envolvimento no assassinato dos pais, em outubro de 2002, deixou o presídio de Rio Claro, no interior de São Paulo, sob escolta da polícia.Ela foi beneficiada por um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ficará em prisão domiciliar até a próxima segunda-feira.O local para onde Suzane foi levada não foi divulgado, mas acredita-se que ela aguardará o julgamento, marcado para o dia 5 de junho, na casa de seu tutor, o advogado Denivaldo Barni, na Zona Sul da capital paulista.Na audiência, ela deve se reencontrar com os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, com o quais cometeu o crime.

quinta-feira, maio 25, 2006

Explora ou Explode?

Apago as páginas em branco
Rabisco no corpo meus vícios.
Conteúdo confuso do que sou,
Cópia da cópia
Daquilo que nunca foi escrito.

Explora ou explode?
Em todo caso, experimente.
O que escorre da minha boca
É veneno dos idiotas,
Felicidade não mostra os dentes.

Amarro, desato e mergulho
No tempo que anula o amor e seus esquecimentos
De forma inesquecível.

Leleco.

sexta-feira, maio 19, 2006

Café, Tabaco & Mulher

Dançam os átomos
Nas mãos do poeta.
Meu peso leve
Pouco a pouco desaparece.

A gritaria começa
Mosquito no ouvido
Prolonga a noite
E devora cupidos.

Café
Tabaco
Mulher
O que mais eu preciso misturar
Antes de me deitar?

* Para minha linda que dormia enquanto o poeta escrevia...

sexta-feira, maio 12, 2006

Cego e Teimoso

É hora de esvaziar saudades
Nada velho será guardado.
A partir de agora,
Eu não sou ninguém e não sei mais nada

Inteiramente belo, inteiramente novo.

Leleco.

segunda-feira, maio 08, 2006

Comprimidos

Nem tudo é verde
Quase nada é verdade
Em outras palavras,
Primavera não tem asas.

Poeta maluco
De rimas e versos miúdos
A vida rindo em segredo
Do meu ataque de nervos.

Bailarina de pernas de fora,
Com um copo de vodka
E o sorriso de quem quer mais
Aqueles velhos comprimidos de paz.

Leleco.

Para minha bailarina que nunca desiste de estar ao lado meu...

sábado, maio 06, 2006

Cadê a Justiça?

O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, RÉU CONFESSO do assassinato da ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide, acaba de ser condenado a 19 anos, 2 meses e doze dias de prisão por homicídio duplamente qualificado. O juiz Diego Ferreira Mendes decidiu que o jornalista poderá recorrer da decisão em LIBERDADE.

Como assim?
E ainda querem o meu sangue e o meu voto...

quinta-feira, maio 04, 2006

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer um grão de arroz
Enquanto o Garotinho estiver vivo.

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer nenhuma feijoada
Enquanto o feijão não vier do espaço.

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer nenhuma pizza
Enquanto eu não dançar Calypso no Congresso.

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer nenhuma salada
Enquanto existir transgênicos.

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer nenhum pão
Enquanto o circo não chegar.

Quem vai fazer greve de fome agora sou eu!
Não vou comer nada, nadinha
Porque a Bolívia cortou o meu gás de cozinha...

Leleco.

quarta-feira, maio 03, 2006

O dia que eu fui azul

No dia que eu fui azul
Sambei em desarmonia pelas folhas do dicionário,
Ouvi cantar a velha sereia um poema de Gullar.
O que há de mais vivo em mim agora?
Talvez os meus netos que brincam no quintal,
O meu tórax afogado
Ou esse soluço que não passa.

Há algum tempo,
Escrevo com a mesma caneta fraca
Verdades que deixo ir embora
Foi mesmo preciso um dia azul
Para acreditar nisso até o fim.

Leleco

terça-feira, maio 02, 2006

Se ninguém tem razão, todo mundo tem razão

"Se ninguém tem razão, todo mundo tem razão"
Hoje eu li essa frase num texto escrito por Lacan ( psicanalista francês ) e destaca a lei paradoxal e tranqüilizadora ao mesmo tempo.
É o famoso dito popular " Tá ruim, mas tá bom"... usado muitas vezes para nos trazer segurança frente ao desconhecido.
Então, comecei a pensar no desconhecido como o chão da piscina que eu não alcançava quando criança. Do outro lado da minha aventura, os meus pés sempre confiavam na aproximação...
É esse "desconhecido" que me traz vida, amor e poesia.
Claro, muitas coisas mudam.
E eu continuo com a mesma coragem de errar.
Quem sou eu então? Pergunto novamente.
Sou costurado por adjetivos (positivos e negativos)
Sou então, todos aqueles que sou dentro e livre de mim.
Quem é você?
Quem foi você na curva torta do desconhecido?
Quantas vezes você se aventurou?
Ouço sempre as mesmas coisas...
"Mais vale um pássaro na mão do que dois voando".

segunda-feira, maio 01, 2006

Tudo parecia alguma coisa...

Para que leda me leia
Precisa papel de seda
Precisa pedra e areia
Para que leia me leda.

Precisa lenda e certeza
Precisa ser e sereia
Para que apenas me veja.

Pena que seja leda
Quem quer você que me leia.

(Paulo Leminski)


Completamente confuso em pensamentos tortos...
Como um hóspede do tempo resolvo escrever na fria tela da tecnologia.
E nada melhor que começar com uma poesia do Leminski... no meu rádio, uma antiga canção do Cartola.
Esse mínimo do máximo mês que envelheço nos braços do inevitável me faz pensar em amigos, amores, poesias, músicas, noitadas, família e tudo aquilo que vivi durante esses quase 27 anos...
Parece que foi ontem eu desfilando pelas ruas minhas asas e meus azares.
Metade de mim nunca saiu nas fotografias...
Qual o preço da saudade?
Depois de sábado nem sempre é domingo nessa minha estranha rotina.
Quantas vezes liguei pra Deus e só deu ocupado?
Esse medo de não ser é pior do que ser... Quem bate mais na minha porta?
Lembra quando era apenas uma idéia?
Tudo parecia alguma coisa...