De algum modo o relógio tinha razão
Quando acordei horas depois.
O tempo que é perdido
Estava a um passo de mim.
Eu pertencia a alguma coisa que não conhecia
Ainda que fosse menos vivo.
Quase pude fingir ser outro
Na primeira saudade de mim.
A verdade cresce em nenhum quintal
Enquanto planto sombras sobre o seu silêncio.
No fundo de todos os delírios,
O adeus morre longe de mim.
Leleco.
quinta-feira, dezembro 29, 2011
Semi-sono
Era quase um semi-sono
A lembrança do último amor
Naqueles olhos pintados com melancolia
E no cheiro de flor esmagada.
Fingiu um desejo sonâmbulo,
Beijou com medo de ter esperança
E molhou o arrependimento com tequila.
Aquela ou aquilo
Parecia não haver saída.
Ainda bêbada confessou para a amiga:
"Aquele filho da puta fodeu com a minha vida!"
Leleco.
A lembrança do último amor
Naqueles olhos pintados com melancolia
E no cheiro de flor esmagada.
Fingiu um desejo sonâmbulo,
Beijou com medo de ter esperança
E molhou o arrependimento com tequila.
Aquela ou aquilo
Parecia não haver saída.
Ainda bêbada confessou para a amiga:
"Aquele filho da puta fodeu com a minha vida!"
Leleco.
segunda-feira, dezembro 26, 2011
Ritornelo
A vida toda esqueci
Tudo o que sempre me fez lembrar:
O fim é a porta de outro começo.
Permaneci em silêncio por algum tempo
E não soube dizer o que eu era.
A dúvida carregava o meu inferno
Com um colorido quase cego.
Fazia de conta
Que cada amor era um faz de conta.
Por dentro a melancolia molhava
E não havia ninguém por perto.
Eu só existo onde me perco.
Leleco.
Tudo o que sempre me fez lembrar:
O fim é a porta de outro começo.
Permaneci em silêncio por algum tempo
E não soube dizer o que eu era.
A dúvida carregava o meu inferno
Com um colorido quase cego.
Fazia de conta
Que cada amor era um faz de conta.
Por dentro a melancolia molhava
E não havia ninguém por perto.
Eu só existo onde me perco.
Leleco.
sexta-feira, dezembro 23, 2011
Apocalipse
Eu sabia antes mesmo de pensar
Que a vida é outra coisa
E não esse suor de chuva que não molha.
É o anti-pecado concepcional
Do amor que sofre por amor,
É a solidão abafada no travesseiro
E o câncer espalhado em algum cinzeiro.
É a possível queda num quarto de silêncio,
A falha necessária que não faz falta,
É perder o que não se precisa
E esquecer até aprender a existir.
Morrer dói menos que o parto.
Leleco.
Que a vida é outra coisa
E não esse suor de chuva que não molha.
É o anti-pecado concepcional
Do amor que sofre por amor,
É a solidão abafada no travesseiro
E o câncer espalhado em algum cinzeiro.
É a possível queda num quarto de silêncio,
A falha necessária que não faz falta,
É perder o que não se precisa
E esquecer até aprender a existir.
Morrer dói menos que o parto.
Leleco.
quinta-feira, dezembro 22, 2011
Ausência
Na primeira ausência de mim,
Nenhuma verdade me fazia sentido.
É como um querer quase perdido
Nos retratos que escondem abismos.
Na segunda vez,
A promessa não me bastava.
Comecei a fotografar a falta
E tudo aquilo sem me dizer nada.
Na última ausência,
Já começava a ver o fim, e não sabia.
Por não ser, eu era
A cópia malfeita de meus pais.
Leleco.
Nenhuma verdade me fazia sentido.
É como um querer quase perdido
Nos retratos que escondem abismos.
Na segunda vez,
A promessa não me bastava.
Comecei a fotografar a falta
E tudo aquilo sem me dizer nada.
Na última ausência,
Já começava a ver o fim, e não sabia.
Por não ser, eu era
A cópia malfeita de meus pais.
Leleco.
segunda-feira, dezembro 19, 2011
Espantalho
Eu continuo inventando qualquer presença
Para encontrar alguma solidão.
Voltei a ter o que eu nunca tive:
Essa coragem de ser covarde.
Espalho espantalhos de espelhos
Onde em mim os outros não enxergam.
Ontem de manhã havia o retrato de uma ausência
Como se não fosse eu a própria revelação.
Aquilo que se vive
Até o fim do que eu não era
É o que morre sem saber de quê.
Poderia a saudade mentir por mim?
Leleco.
Para encontrar alguma solidão.
Voltei a ter o que eu nunca tive:
Essa coragem de ser covarde.
Espalho espantalhos de espelhos
Onde em mim os outros não enxergam.
Ontem de manhã havia o retrato de uma ausência
Como se não fosse eu a própria revelação.
Aquilo que se vive
Até o fim do que eu não era
É o que morre sem saber de quê.
Poderia a saudade mentir por mim?
Leleco.
quarta-feira, dezembro 14, 2011
Pausa
Aquilo que girou em silêncio,
Fez conjugar um velho verbo transparente.
E o que somos nós
Além do adeus de cada verso?
Sinto partir como quem não chegou
Na solidão que se fez e ninguém reparou.
Saudades de qualquer ontem
À procura de quem o sonhou.
Antes do fim,
A poesia despedida.
E nunca se esqueça
Que é a pausa que nos faz dançar.
Leleco.
Fez conjugar um velho verbo transparente.
E o que somos nós
Além do adeus de cada verso?
Sinto partir como quem não chegou
Na solidão que se fez e ninguém reparou.
Saudades de qualquer ontem
À procura de quem o sonhou.
Antes do fim,
A poesia despedida.
E nunca se esqueça
Que é a pausa que nos faz dançar.
Leleco.
sábado, dezembro 03, 2011
Vítima
Escuridão e pó
O sono do sonâmbulo
Seis soldados de chumbo
Disputando o amor da mesma bailarina.
Não serei mais uma vítima da poesia!
Leleco.
O sono do sonâmbulo
Seis soldados de chumbo
Disputando o amor da mesma bailarina.
Não serei mais uma vítima da poesia!
Leleco.
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