segunda-feira, dezembro 17, 2007

A chegada do bebê

Hoje o dia amanheceu ensolarado e eu um pouco nublado por dentro. Faltam menos de 60 horas para experimentar pela primeira vez a beleza que é ser pai. As nuvens que estão em mim não diminuem em nada o amor que sinto por alguém que ainda não conheço... elas fazem parte do medo natural de saber que esse cara tão especial possui apenas o lado direito do seu pequeno coraçãozinho. E que antes mesmo de pronunciar uma só palavra, vai ter que lutar pela vida. E como eu acredito que ele vai vencer essa! E como ele tem me ensinado sobre a força da vida...
Escuto nesse momento algumas canções em inglês pq não quero entender o que dizem, uma bebida quente cairia bem com duas pedrinhas de gelo. Andei pensando muito sobre o "poder" não estar ligado às escolhas que fazemos durante a vida e sim, às renúncias. E ser pai é renunciar tantas futuras escolhas em nome de um amor jamais imaginado por mim. Sei que nunca fui um exemplo de pessoa... já fiz muita besteira, magoei algumas pessoas, falei coisas que não deveriam ser ditas... mas agora diante de tudo isso vejo a importância desses erros ou de escolhas precipitadas. Sempre me atirei sem saber se o pára-quedas iria abrir... algumas vezes não abriu, realmente.
Alguns personagem do Bukowski, Kerouac, Kafka ou Baudelaire falariam por mim nesse momento. É bom ter livros, é bom ter um velho violão, uma estrela verde no braço, amigos espalhados e ao mesmo tempo grudados em pensamentos, um copo de whisky, um maço de Malboro Blue, uma felina carinhosa, uma Débora que transborda tanto amor que até pergunto se mereço, essa família que não poderia ser melhor...
Esse retrato se molda pra chegada do Vicente... tantas energias positivas, orações, palavras de carinho e apoio, amigos vindos de São Paulo e de tantos cantos pra encher o Hospital de amor... É bom sentir ser amado e melhor ainda saber que o seu filho está cercado por essas pessoas maravilhosas. Como disse o poetinha "Amigo não se faz, reconhece". É bom reconhecê-los!!!
Cada cantinho do meu quarto já guarda algum objeto do meu filho... sapatinhos de lã, boneco da turma do Cocoricó, mordedor, chupeta, mamadeira e babador... aliás, estou levando o meu babador pro hospital.
Dia 20 começa a nossa luta, meu filho.
Você nunca vai estar ou se sentir sozinho...
Vamos sair dessa juntos! E cada vitória sua, estarei ali observando com os olhos úmidos, um sorriso largo e aplaudindo bem forte!
Não sei o que seremos no próximo minuto ou quantos minutos o Universo vai nos permitir... mas isso pouco importa pra eternidade que é você em mim.
Te amo, meu filho tão amado.
Você já é um grande vencedor!! Não falo no sentido de ser o melhor, mas por ter lutado 9 meses pela vida no útero e ter chegado até aqui...
A gente se (re)encontra na quinta-feira (20/12) às 6 horas da manhã no Centro Cirúrgico e dali pra sempre.
Até breve Vicente.