quinta-feira, fevereiro 17, 2011

L` hospice de Charenton

Aqui jaz
O amor lilás
Na ausência ardente das horas.

Tudo foi um mal-entendido
Entre o poeta e o divino.
A agonia de seus demônios
Nesse céu sombra azul.

Sobra-me um episódio de saudade
Da literatura suja de Marquês de Sade
Derramando em mim
O gosto pela eternidade.

Leleco. (Para Donatien Alphonse François de Sade)

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Cigarrilhas

Poesia embrulhada em papel de bala
Perfume de palavra suja
Deus esvaziou o mundo
E no meu cinzeiro,
Ainda moram algumas cigarras.

Desenho Kandinsky em suas coxas
Enquanto a ressaca me bebe as horas.
Ingênuo gênio pornográfico
Na monogamia da traição.

Tudo agora é outro parêntese
Você sorri lábios enquanto pinta as unhas
Eu te faço o jantar
E falo sobre a incerteza do fogão.

Leleco.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

A Valsa do Mendigo (Pedido de Casamento)

Me lave, meu love.
Me leve de leve
No doce mistério.
Silêncio poeira
Desfilando pervertidas pernas atrevidas
Na menina namoradeira.

Esfomeado corpo revolto
Parte, portas e portos.
Suspiro quase rouco
Em olhos de aeroporto.

Sempre pouca certeza nos bolsos
De algum velho amor novo.
Acendendo a mesma estrela
Em qualquer manhã amarela.

Melhor suor derretido em mim,
Abandonai a espera
E dance comigo
A valsa do mendigo.

Leleco.