quarta-feira, novembro 30, 2011

Catapora

Tudo parecia alguma coisa
E nada fazia sentido.
Inferno invertido
No irreversível domínio da contradição.

Substantivo, adjetivo e pronome indefinido
De nenhum sujeito
Esquecido intacto
No outro lado do seu abraço.

Toda despedida chega ao encontro
Do delírio catapora do louco.
Pintando em teus sentidos
Qualquer saudade vermelha.

Olhares do não dito
Entre as palavras mortas na garganta.
E o que antes parecia mudo,
Agora é amor afogado em mercúrio.

Leleco.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Ferida

Antes que alguém saiba que você está morto
Atire dez dúvidas no colo da viúva
E sorria com fúria na porta da funerária.

Antes que ninguém saiba que você está morto
Devolva seus farrapos de nuvens
E me fale do último sono.

O tempo vomita os ponteiros na vida
E no nome que se apaga.
Cada Deus possui o seu Demônio
Quando lambe a própria ferida.

Leleco.

terça-feira, novembro 22, 2011

Porta-estandarte

Deixa eu confessar o medo
Do que vem tarde ou do que vem cedo.
Deixa a minha foto pela metade
Que eu finjo que nunca houve inteiro.

Deixa o amor pensar que não preciso
Essa ausência embaixo do tapete nunca foi abrigo.
Deixa eu inventar aquilo que não minto
Só pra acreditar que consigo.

Deixa a saudade pronta
Na poesia esquecida em suas costas.
Deixa o amanhã amanhecer agora
E pode abrir todas as portas.

Leleco.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Lançamento


"Água mole em pedra dura, tanto bate até que vira livro!"

quinta-feira, novembro 17, 2011

Quizumba

São Paulo, oitavo andar.
Quatro, cinco, seis da madrugada.
Eu quero tocar você em lá maior.
Cheiro da falta em mim.
Eu não quero ir.
Aperto o peito enquanto espero.
Eu deveria ter guardado o seu sorriso dentro da garrafa.
Eu conservo o bigode.
Bigodes são antenas.
Parabólica saudade.
Acaso.
Eu caso.
Na Rua Augusta ou em Marte.
Outra dose de conhaque.
Trópico de Capricórnio.
Poesia de manicômio.
Sinuca.
Mordo a nuca.
"Não posso ser sua!"
O que é ser de alguém?
O amanhã é distante.
Qual é a senha?
O amor brincando de Jenga.
Pouco é quase muito.
Bar Puma ou guarda-chuva?
Adeus nunca esteve na moda.
Vai, mas volta...

Leleco.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Outras dúvidas

É tudo questão de cegueira?
É tudo questão de néon?
O espelho imitando quem eu não sou
Ou o sapato pisando ao contrário?

O que as coisas querem dizer
Na boca que soma ausência?
Amores de outros amores estranhos para mim
Ou aquele que jamais conheci?

Será o último dia do mundo
Na eternidade enrugada,
No lamento de tantas luas
Ou no suor da minha pele na sua?

Na dúvida ou antes que alguém esqueça
Adoro o seu beijo frio de cerveja.

Leleco.