terça-feira, dezembro 16, 2008

Mil, Mal e Meu Amor

Eu e Ela
Opostos idênticos
De nada a tudo
Em menos de um segundo.

Quero mil, mal e meu amor
Dessa vez pra ficar
Nos quatro cantos de mim,
Nas três letras do sim.

Delicadeza deliciosa
Nas manhãs que descubro o que somos
E somos o que reinventamos
A cada ano.

O infinito terminou
Quando apenas começou.
E posso dizer aos meus netos
Que eu conheci o amor.

Leleco. (Para Débora)

Dezembro


Hoje é dezembro
Eu tenho 29
Não sei se morro de rir ou de raiva
Você me abraça e o tempo desaba
E não me basta o que eu já sei
Eu sempre quero mais.

Leleco.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Sopa de Letrinhas



Duvido
Divido
Areia e vidro.
Universo
Todo agora
Nesse único e velho verso.

Volto ao zero
Vida e verbo
Um vento vadio
No meio da fila
Só para o amor continuar enlouquecido.

Um chorar de riso
Em seu beijo mordido
Palavras medidas
Sobre os pés da bailarina.

Num apartamento
Alguém assiste TV
Eu e você
Decorando o Kama Sutra
De A à Z.

Leleco. (Para Débora)

terça-feira, dezembro 02, 2008

Sapatos


Não há nada que me faça esmagar
As palavras nesse papel furado
Acordei e não encontrei
O que havia de errado.

Só se ouve o vento
Silêncio do outro,
Outro silêncio
Nas cores do outono.

Apenas confundo as sombras
Que me convidam a viver
Entre prédios cinzentos
E um estranho querer.

Três vidas esquecidas em mim
Nesse resto de cigarro.
Há convite nos sapatos:
É hora de fugir sem deixar rastro.

Leleco.

terça-feira, novembro 11, 2008

Punk-se


Aquela mulher
Pariu em Paris
Um punk de moicano
Que se dizia santo
Pra desconfiança do Leandro.


Leleco.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Jardins da Insanidade


Acontece toda vez
Que escuto os meus passos
E penso nos mínimos detalhes
Não sou mais abismo
Que ninguém.

Sou o meu anjo e meu demônio
Nos jardins da insanidade.
A imagem refletida
Da dúvida ou certeza
De onde começa a noite
Ou quando acaba o dia.

Na insônia esquecida das sombras
Ilumino minha ignorância
Vida, verbo e verso
Nesse mar deserto.

Escondo entre tijolos
As minhas verdades
Enquanto lá fora
Homens fabricam felicidade.

Leleco.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Descoberta

Vem de ontem
O bem que você me faz.
Vem de longe
O absurdo de sermos reais.

Depois de nós
Nada será novo
Saudades de outras saudades
Estranhas para mim.

Mil convites
Estampados em nosso beijo sabor arco-íris
E tão calmas calmarias.

Em loucas calçadas
Todo mundo é uma mistura como eu
Procurando a procura
De encontrar o desencontro.

Leleco.

segunda-feira, setembro 22, 2008

A Goteira


Eu sou o que não sou
Tantas mudanças pra continuar a ser o mesmo
Inquietudes risonhas
Verbo repetido em silêncio.

Serei apenas aquilo que conheço?
Quem fui eu depois?
Alegria confinada em você
Nesse mal de amor.

Tocamos outros sabores
E amanhecemos além do fim
Encolho o corpo em desespero
Nú e ridículo à espera de abrigo.
Falta ar, álcool ou verdade
Cinco meses pode ser uma eternidade?

Mergulho nossa língua
No esquecimento futuro
Atravesso o chão do nunca mais
Vestindo a loucura que te encanta.

Canto de cachoeiras,
Pingos e sereias
Água de torneira não volta
Afundo em seus lençóis
Na tarde azul que sobrou em nós.

Leleco.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Rotação


De agora em diante... tudo igual como antes.
Você com os seus, eu com a minha.
Quantas voltas a gente precisa dar pra cair no mesmo lugar?

Leleco.

terça-feira, setembro 09, 2008

A Evitação como Fuga de si mesma


Já era, cinderela!
Seu reinado enlouquecido
Seu príncipe embriagado
Seu amor invisível.

Também nós
Entre o sim e o não
Machucando palavras
Pra enganar a alma.

Assim está melhor agora, não é?!
É só evitar o meu ECO
E se esconder no túmulo de todos os vivos.

Mariposa de asa quebrada no ar parado
Para dar contorno
Aos insetos noturnos do Rio de Janeiro
E o resto é só remendar o passado.

Leleco.

quinta-feira, julho 31, 2008

A Falta

Desde que você se foi
O meu coração partiu
Hoje eu sinto menos calor
E sinto bem mais frio.
O que os olhos não vêem,
O coração pressente
Mesmo na saudade
Você não está ausente.

Em cada olhar meu
Em cada estrela no céu
Em cada flor no campo
Em cada letra no papel
Só sinto o que ninguém sente
E vou chamá-lo de Vicente.

Leleco.

quarta-feira, julho 23, 2008

Eu e meus nós


Sopra o vento sutil do verão
E volto a ser quem nunca fui
Enfim, sós
Eu e meus nós.

Deixei alguns espaços vazios
Pra você não esquecer de mim
Preservo os excessos
E alimento o meu ego.

Aproveito pra errar
Enquanto ferimos o tempo
Não me peça mais nada
Além das poesias que arrasto pelas calçadas.

Leleco.

segunda-feira, julho 14, 2008

Coleira


Na corda
Quase bamba
Do amor
Ao pé da letra
No ponto mais alto
Tristeza dilatada
Molha por dentro
E lava a alma.

Eu não gosto do certo nem do errado
Eu não gosto do doce nem do salgado
Eu não gosto da mesmice nem do inesperado
Eu não gosto do só nem do mal acompanhado
Eu não gosto do louco nem do careta
Essa é a minha última centelha
Pra você perceber
Que vira-lata não usa coleira.

Leleco.

sexta-feira, julho 04, 2008

In Vitro


Foi preciso falar do amor,
Cantar debaixo do cobertor.
Bastou explodir
Para nunca mais querer juntar.

Viva Nossa Senhora da Sacanagem!
Viva suas mini-calcinhas!
Viva o poder do imã
E do seu sutiã!

Ainda estamos no meio da fila
Ainda estamos vivos pra assustar os mortos
Mas a nossa poesia, meu bem
Perdeu espaço para a bunda da Melancia.

Artificialmente inseminados
No óvulo do futuro
Fertilizaremos felicidade, minha amada
Com papel, véu e grinalda.

Leleco.

quarta-feira, junho 25, 2008

Grito!


Nunca deixem a minha poesia

Morrer inutilmente viva!


Leleco.

Telhado


Acabei de encontrar minhas culpas
Nas desculpas de quem não amou
Arranhei o rosto com lágrimas
E deixei cair o que sobrou.

Telhado de nuvem
Protege o meu universo de remendos
O futuro se esgota
Além do vazio do medo.

Tudo pode virar ao contrário
No meu inconsciente afogado
E nada é tão grave ou agudo
No último dia do mundo.

Leleco.

terça-feira, junho 24, 2008

Vespeiro


O poeta cospe vespas ao vento
Poeiras dançam modernidades
Espalhadas no tempo.

Pulsos e impulsos
Enfeitados de silêncio
Revolta enorme contra tudo
E é uma pena eu não ser burro.

Quero apenas a saia rodada da minha amada
Girando num samba dobrado
Nos arcos em que se escondem a Lapa.

Passei a rir de tudo que esqueci
Arrepio as gavetas da cabeça
E a poesia não deu em nada
"I can`t get no satisfaction".

Leleco.

sexta-feira, junho 20, 2008

Casulo


Na próxima lua cheia
Ou no canto da sereia
Existe você por toda parte.

Na cama grande
Na cama curta
Na cama mole
No Kama Sutra
Os braços enrolados no abraço
E o dia amanhece mais leve.

Quando chegar a nossa vez
Vamos devorar o pecado
Selvagens e sábios
Desejo louco dos apaixonados.

Leve-me contigo
Nos passos em que sou além
Um soluço no futuro
E o chão já não é mais tão escuro...

Leleco.

quarta-feira, junho 18, 2008

A Ditadura & A Dentadura

É hora de multiplicar
A necessidade de sonhar
Desde que o mundo é mundo
Abandonei o hábito de experimentar.

Entre a posição e a exposição,
Há o nunca e o sempre.
E quase derramei as letras
Nos beijos que incendiaram nossa insônia.

No fim do delírio
Deslizo a sua carne com o meu silêncio
Um sorriso quase adolescente
E o futuro refletido nos dentes.

Leleco.

sexta-feira, junho 13, 2008

Escarro

Apaga
Aperta
Ausente
Amor
Confesso.

Recebo
Na cara
Um beijo
Adeus derretido
No nada.

Na janela
Ninguém me espera
Cerveja amarga
E a noite acaba.

Cuspi poesias
No chão do bar
Garçom brigou comigo:
" - No chão não se cospe o bê-a-bá".

Leleco.

sexta-feira, junho 06, 2008

Despetalado

Invada-me com seu sorriso
E que tudo nosso seja alegria
Ainda que sutil.
Aceita-me
Insano, relâmpago ou pra sempre
Agora que percebo que esqueci
Uma parte de mim em ti.

O que pensam os suspiros?
Pode engolir retratos, apagar poemas
Já estou bastante velho pra esquecer
Tudo que vivi e morri com você.

Pela última vez,
O nada imagina os dias
Que retornam sobre mim mesmo.
Não há sentido na liberdade despetalada
Rabisco de infinito a cor da estrada.

Leleco.

quinta-feira, junho 05, 2008

Resta Um

Essa é a penúltima verdade
Roubada nesse abraço.
Acontece toda vez
Que qualquer tentativa
Desequilibra minhas incertezas.

Caminho mais lento
Na presença da saudade.
Por que grito poesias
Se você só tem dois ouvidos?

Talvez eu seja loucamente lógico
Ou racionalmente óbvio.

Leleco.

terça-feira, maio 27, 2008

29 Balões

Quanto tempo produzido além dos relógios
Quem sou eu ou não ouço?
Chove, choro, vento e lamento
Os meus esquecimentos.

Quase trinta se somarem os restos
O branco aponta nos cabelos.
De ontem até amanhã
O falso se torna verdadeiro.

Bebo balões
E me sinto leve.
As nuvens me falam de outras nuvens
Pisadas pelo passo.

Encontre em mim aquilo que procura
Poesia necessária
Entre o sexo e a loucura.

Leleco.

quarta-feira, abril 23, 2008

Quase lá!!! Viva à Musicoterapia!!!

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, nesta quarta-feira (23), parecer favorável ao projeto de lei que regulamenta a profissão de musicoterapeuta, cuja relatora foi a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). Como a proposta é oriunda da Câmara dos Deputados, ela será ainda votada pelo Plenário.
Pelo projeto, poderão exercer a profissão os portadores de diploma de educação superior em Musicoterapia expedido por instituições reconhecidas pelo governo federal, os portadores de diploma de escola estrangeira, desde que revalidado no país, e os portadores de diploma de nível superior que tenham exercido a atividade, comprovadamente, por cinco anos.
O PLC 25/05 define o musicoterapeuta como o profissional que utiliza a música e seus elementos como som, ritmo, melodia e harmonia para prevenir, restaurar ou reabilitar a saúde física, mental e psíquica das pessoas.
Lúcia Vânia ressaltou o grande potencial que a música possui para desenvolver e restaurar funções do indivíduo, contribuindo, decisivamente, para que ele alcance uma melhor qualidade de vida, por meio de prevenção, reabilitação ou tratamento de suas doenças.A senadora enfatizou que a Universidade Federal de Goiás, por enquanto, é a única instituição federal que oferece o curso de Musicoterapia. Ela previu, no entanto, que a aprovação do projeto certamente fará com que o curso seja criado em outras universidades. Lúcia Vânia saudou alunos e profissionais goianos presentes à votação.

terça-feira, abril 15, 2008

Receita

Duas folhas de um trevo
Silêncio na potência máxima
Sua covardia à prazo
Amontoada com os restos do que você não é.

Lançar ao fogo suas lágrimas
Misturadas com mostarda
Esperar assar até fracassar
A insanidade que conservo.

Leleco.

terça-feira, março 11, 2008

Bússola


Posso ser eu sem ser eu
Que você me entende.
Quanta vida há na estátua?
Quanta liberdade há no pombo?

Transito pelo amor,
Indefinidamente dilatado.
Sete medidas verdadeiras do tempo
E quase nada mudou.

Aposto que sei o que gosta!
Respira fundo e volta
Ainda é tempo de inventar
Mais uma chance e se perder
Na bússola que esqueceu o norte.

Leleco.

segunda-feira, março 10, 2008

Sementes

Confusos parafusos do tempo
Tocam o céu apenas de leve
Meio milímetro de onde nunca estive
Questão de escala ou de escolha?

A gravidade de uma gravidez
Nas rugas do amanhã.
Múltiplo e profundo
Os erros que deixei de cometer.

Consumo poesias caducas
Que nascem e morrem
Assim que gira o mundo.
Lanço sementes de estrelas
No universo que é você.

Leleco.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Indefinido

Cada um abre os braços,
Parte do meu destino
Produzida na multiplicação
Da necessidade de sonhar.

A tatuagem no alto do ombro
Ainda gira em relação a mim.
Lembra quando tudo parecia fácil?
Lembra quando o amor vencia o medo?

Fiquei velho e covarde!
Enterrado em dúvidas até o pescoço.
Quanto há de água neste vinho puro?
O quanto do teu sangue ainda é meu?

O tempo dilata a saudade
Quero tudo ao mesmo tempo e agora!
Quem somos nós então?
Voltamos para trás?
Viramos para o outro lado?
Tudo novo de novo?
Ah!
Esse indefinido mal de amor...

Leleco.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Confete & Serpentina


Eu não sou eu
Eu não mais estou
Eu não conheço o ponto de partida,
A chegada nem a saída
E o que sobra sou eu e minha menina
Inseparáveis como confete e serpentina.

Leleco.

Carnavalização


Meus pontos de apoio
Nos dedos que conjugam o mesmo verbo
Colcha de retalhos
No fundo de mim.

Nado no nada
E flutua o barulho violento
Do grito esquecido no tempo.

Apaguei os restos
Abandonei velhos vícios
Vesti a miséria e a alegria
Pra ilusão do carnaval.

Calculo a falta
Como se pudesse completá-la
Atravesso a lágrima
Nesse compasso binário
E finjo parecer normal.

Leleco.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Platônico

Há uma certa desordem
Nos miolos do poeta
Miojo que ninguém come!

Há um certo descompasso
No passo, no espaço
E o nada se multiplica.

Misturo a idade que o tempo nasce
Com a soma da minha insanidade
E explodo em mil pedaços.

Agora recupero a saúde,
Ainda falta o sorriso.
Modifico após a queda,
Modifico a queda!
E só assim me aproximo pelo avesso.

Eu sumo com metade
Viver ou não-viver?
Cinco minutos antes de morrer
Platão descobriu toda a verdade.

Leleco.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Diazepan 5mg


Todo mundo ao mesmo tempo
Em mil rimas e partes
Costuram despedidas na minha carne.

Acendo mais um cigarro,
Veneno que me mata lentamente.
Mais uma dose
E esqueço o som do equilíbrio.

Quero o vazio da sorte!
Qualquer palavra morta
Que explique essa preguiça do futuro,
A reinvenção do nada
Ou a enganação da vida.

Agora é fácil falsificar felicidade
Nesse Diazepan 5mg
Que me enfiam goela abaixo.
Tudo torto, tonto, sedado e enterrado
Por falta do que acreditar
Inventei um Deus
Pra justificar aquilo que ninguém soube explicar.

Leleco.