terça-feira, setembro 25, 2012

A Barca de Caronte

Era uma espécie de não ser
Aquela ressaca das primeiras lágrimas
Vestindo a minha próxima chuva.

Invento novidades que ignorava ontem
Pra dizer o que não sei.
Não existe verdade na arte,
A mentira deriva viva do valor.

É preciso suportar o silêncio sujo dos poetas
E os amores que sabem suas mortes.
Algo alma o abandono
De toda velha esperança.

Leleco.

sexta-feira, setembro 07, 2012

Axônio

Eu sou o outro dizendo a própria coisa
Ainda que o outro não seja eu.
Cada um no seu lugar nenhum
Quando fui embora de mim mesmo.

Acredito esquecer que existo
Antes de lembrar o que não encontro.
O abandono invertendo o corpo
E inventando invernos sem tempo.

Derramo qualquer mal de amor
No dilúvio viúvo das virgens.
Por si só espalho solidão
Na forma falsa do inferno.

A mentira é a verdade que não deu certo.

Leleco.