terça-feira, agosto 30, 2011

Restos

Proibido amor de infinito
Rezando de mãos juntas o pecado.
Um silêncio enxuga as lágrimas de nosss falhas
E esse vazio soprando liberdade.

Cheiro do fim ou gosto de tarde
Essa falta que não arde?
Aquilo que ainda sonho quando acordo
É palavra esquecida em algum canto.

Nas longas noites de adeus
Sempre somos outros:
A ironia no rosto
E o egoísmo nos bolsos.

Leleco.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Desordem

Eu quero uma certa desordem
Nas constelações que fomos pelo chão
E nos minutos ruivos de ferrugem
Que morremos em qualquer inferno.

Descubro meus dedos
Em mãos diferentes.
Daquilo que sou
Sem jamais existir.

Ainda planto despedidas
Em jardins dos encontros.
Bocas gastas de palavras
Além da memória que se perde.

Leleco.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Cemitério

Grave em minhas mentiras
Greve em meus amores
A ausência entrego ao outro
E me queimo no próprio fogo.

Devoro a febre e cuspo demônios
Uma vida que perco
Nos grãos de cada sonho.

No centro do universo
Ainda carrego cemitérios
De futuros que se apagam
Em poucas palavras.

Um dia ninguém nos lembrará.

Leleco.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Quase Deus

Do céu escorre o azul
Enquanto enxugo a noite.
Acendo um fósforo e ilumino o Arpoador
Não há sol mais quente do que eu.

Debaixo da cama,
Escondo estrelas, sapatos e cometas.
Apago a lâmpada
E invento a escuridão, apocalipse e trombetas.

Sobre os mortos do seu tempo
Sou os fios brancos de meus cabelos.
E não há nada que substitua
O sol ou talvez a lua.

Naquele dia, quase pensei seus pensamentos.

Leleco.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Xadrez




Há algo estranho nesse cheiro de sombra,
Nessa falta do que fomos ontem,
Em nossos esquecimentos
De um todo para tantos divididos.

Onde nunca ganhei em meus tabuleiros?
Maravilha é o país de Alice, não o meu!
Amantes florindo grávidas de passado
Na barriga do tempo futuro.

Sei que vivo em xeque-mate
Nos seus lábios de vírgulas afogadas
Por aquele beijo ausência
Que perdi em minhas lágrimas.

Leleco.