quarta-feira, junho 25, 2008

Grito!


Nunca deixem a minha poesia

Morrer inutilmente viva!


Leleco.

Telhado


Acabei de encontrar minhas culpas
Nas desculpas de quem não amou
Arranhei o rosto com lágrimas
E deixei cair o que sobrou.

Telhado de nuvem
Protege o meu universo de remendos
O futuro se esgota
Além do vazio do medo.

Tudo pode virar ao contrário
No meu inconsciente afogado
E nada é tão grave ou agudo
No último dia do mundo.

Leleco.

terça-feira, junho 24, 2008

Vespeiro


O poeta cospe vespas ao vento
Poeiras dançam modernidades
Espalhadas no tempo.

Pulsos e impulsos
Enfeitados de silêncio
Revolta enorme contra tudo
E é uma pena eu não ser burro.

Quero apenas a saia rodada da minha amada
Girando num samba dobrado
Nos arcos em que se escondem a Lapa.

Passei a rir de tudo que esqueci
Arrepio as gavetas da cabeça
E a poesia não deu em nada
"I can`t get no satisfaction".

Leleco.

sexta-feira, junho 20, 2008

Casulo


Na próxima lua cheia
Ou no canto da sereia
Existe você por toda parte.

Na cama grande
Na cama curta
Na cama mole
No Kama Sutra
Os braços enrolados no abraço
E o dia amanhece mais leve.

Quando chegar a nossa vez
Vamos devorar o pecado
Selvagens e sábios
Desejo louco dos apaixonados.

Leve-me contigo
Nos passos em que sou além
Um soluço no futuro
E o chão já não é mais tão escuro...

Leleco.

quarta-feira, junho 18, 2008

A Ditadura & A Dentadura

É hora de multiplicar
A necessidade de sonhar
Desde que o mundo é mundo
Abandonei o hábito de experimentar.

Entre a posição e a exposição,
Há o nunca e o sempre.
E quase derramei as letras
Nos beijos que incendiaram nossa insônia.

No fim do delírio
Deslizo a sua carne com o meu silêncio
Um sorriso quase adolescente
E o futuro refletido nos dentes.

Leleco.

sexta-feira, junho 13, 2008

Escarro

Apaga
Aperta
Ausente
Amor
Confesso.

Recebo
Na cara
Um beijo
Adeus derretido
No nada.

Na janela
Ninguém me espera
Cerveja amarga
E a noite acaba.

Cuspi poesias
No chão do bar
Garçom brigou comigo:
" - No chão não se cospe o bê-a-bá".

Leleco.

sexta-feira, junho 06, 2008

Despetalado

Invada-me com seu sorriso
E que tudo nosso seja alegria
Ainda que sutil.
Aceita-me
Insano, relâmpago ou pra sempre
Agora que percebo que esqueci
Uma parte de mim em ti.

O que pensam os suspiros?
Pode engolir retratos, apagar poemas
Já estou bastante velho pra esquecer
Tudo que vivi e morri com você.

Pela última vez,
O nada imagina os dias
Que retornam sobre mim mesmo.
Não há sentido na liberdade despetalada
Rabisco de infinito a cor da estrada.

Leleco.

quinta-feira, junho 05, 2008

Resta Um

Essa é a penúltima verdade
Roubada nesse abraço.
Acontece toda vez
Que qualquer tentativa
Desequilibra minhas incertezas.

Caminho mais lento
Na presença da saudade.
Por que grito poesias
Se você só tem dois ouvidos?

Talvez eu seja loucamente lógico
Ou racionalmente óbvio.

Leleco.