quarta-feira, junho 30, 2010

Ontem

Parece que foi ontem
O tempo solto no seu sorriso
E que eu tão distraído
Pedi duas cervejas e um mojito.

Parece que foi ontem
O seu jeito de andar pisando em nuvens
Entre tantos pés indecisos.

Parece que foi ontem
Distâncias e margaridas
Somando estrelas espremidas
No céu de minha cama.

Parece que foi ontem
O amor rasgando nossa boca
E eu traduzindo o Moska.

Parece que foi ontem
Aquela saudade sem eira nem beira
Pelo simples fato
Que hoje ainda é quarta-feira.

Leleco.

quinta-feira, junho 24, 2010

O Papagaio do Analista

Acordei sustenido
Suspenso pelo cansaço
Daquela velha fuga em sol menor
Que nunca fez sentido.

Afoguei verdades
No ventre de tua mãe
E ainda me faltam abrigos.
Calei a palavra repetida
Pelo chato papagaio do analista.

Esmaguei a cabeça
Em alguns pensamentos
Para lembrar quem eu fui.
Pode ser a minha cruz
Ou qualquer cruzamento.

Esqueci no meu corpo
O desequilíbrio da certeza.
Enganei a mim mesmo
Acompanhado de uma indispensável fraqueza.

Leleco.

quarta-feira, junho 16, 2010

Batata Frita


Comecei a engarrafar
Nuvens, almas e deuses.
Alimentei com beijos
As estrelas do céu, do mar e do pulso.
E, bem no fundo,
Toda loucura debocha do absurdo.

Algo ama além de nós dois
Nesse sorriso infinito
Que dobra em mim
Ou na palavra de vidro
Que invento pra existir.

Acordei transformado em saudade
E andei com cuidado
Enquanto a vida corria lá fora.
Olhei para o espelho e pensei:
" - O amor é uma batata frita roubada!".

Leleco.

terça-feira, junho 08, 2010

Insônia no mato, me mata.

Piso no seu passo
E o tédio queima no meu dedo.
Restou a sombra
Que você esqueceu na cama
E algumas manchas.
Abracei o frio só pra distrair um sorriso
E fingi ser meu vício.

Toda insônia é infiel
No meu vadio sono.
Abandono o silêncio dos ruídos
Na fuligem dos famintos.

Não há dúvida na despedida
Nem na ferrugem dessa poesia.
A saudade rouba e não devolve
A noite que engoliu o dia.

Leleco.

sexta-feira, junho 04, 2010

Um chopp com Chopin

Cada nota musical
É uma bolha de sabão
E haja Chopin pra tanta imaginação.
Tudo é desconhecido e belo
Quando morro de novo.

Pão de queijo com cerveja
Nem sempre combina tão bem
Quanto o seu beijo molhado.
Fui saudade, sou amor
Na tarde cinza que o tempo inventou.

Nariz gelado geleira geladeira
Na neve da despedida.
Nossa vontade escorrendo dos cabelos
E debruçando nas retinas.

Case-se comigo
Enquanto ainda é fácil sustentar algum lirismo.

Leleco.