sexta-feira, julho 21, 2006

Imagina-ação

Já vi cidades e hospícios
Flores no asfalto e no caixão
O inverno levou o cabeludo pregado na cruz
Areia quente ao sabor da luz.

É preciso dizer todas as coisas que espalho pelo ar
Enquanto você engole saliva
E se veste de razão.

Não quero mergulhar em corpos misturados
Que se apertam nas ruas, mêtros e filas de supermercados
Procurando um pedaço de céu
Atrás de alguma religião.

O tempo se escondeu nos meus encontros
No futuro que nunca chegou
Ou na saudade que restou.
Agora quero o máximo
Da coragem dos covardes
E me lançar do terceiro andar
Em todas as direções do espaço.

Leleco.

segunda-feira, julho 17, 2006

Sem nunca ter sido

Pareço louco
Quando o que sai do olho
É o que não consegue sair pela boca.

Às três da madrugada
Tudo ou quase nada
É alguma Paula pouca amada
Num passado sem memória e sem história.

Puxa o meu cabelo
Enquanto o Leoni ou a Celly Campello
Cantam um velho rock preu dormir.
E eu tão imbecil
Repito a fé dos que sentem culpa.

Acendo mais um cigarro,
A saúde vai pro ralo
E você me fala sobre astrologia
Como quem me quer bem
Sem nunca ter sido minha.

Leleco.

quinta-feira, julho 06, 2006

Mínimo do Máximo

O mínimo do máximo
Medo de envelhecer
É enganar o tempo
E arrancar da vida
O que há de mais vivo
Na cabeça do suicída.

Não acredito em meus ouvidos
Quando a gritaria começa
Suporto até a minha líquida solidão
Pra escrever a beleza mais feia
Que existe numa separação.

Vou mastigar loucura
E vomitar realidade
Num copo de conhaque
Com gelo e saudade.

Quero doze passos
Que me façam rodar
Até a valsa acabar
Agora que a bailarina
Deixou de me acompanhar...

Leleco.