quarta-feira, junho 27, 2007

O AR-TISTA

Apaga o sol esta noite
Fantasmas inventam notícias
E o imprevisível artista
Por migalhas se humilha.

Essa multidão de santos
Que sufocam fiéis desesperados
Dentro de igrejas vazias
Prometem a salvação das almas
Pagando o dízimo do dia.

Vestido de silêncio
Desfilo pelas ruas
A minha barriga nua
Exposta ao vento
E três meses de vida ali dentro.

Cultivam ignorantes na TV
Permaneço surdo a tudo
E agora o imprevisível artista
Por seu filho respira...

Leleco.

quinta-feira, junho 21, 2007

02:21 am

Uma cerveja e dois copos
Vento, poeira e pó
E o ar solto no fim.

Invento rimas em voz alta
Enquanto espero a língua materna
Engravidar de mim.

Apago o fogo dos cabelos
Com tinta pra carimbo
Começo e termino ao mesmo tempo
O meu mundo invertido.

No meu crânio branco
Um redemoinho grande o bastante
Não sou o mesmo
E continuo o mesmo.

Assim assado posso me encontrar
Do outro lado do espelho.

Leleco.

sábado, junho 16, 2007

Padaria

Foram quatro garrafas no final
Pouca Antártica para muita saudade
Nossas diferenças são tão parecidas
Quando um copo encosta o outro
E grita o som do reencontro.

Nenhum lugar é como aqui,
Nossa composição descombinada
O seu cabelo avermelhado
E o sorriso do meu nada.

A padaria já vai fechar
Último gole é sempre o mais leve
Passos curtos,
Abraço apertado
E um "até breve!".

Leleco.