sexta-feira, março 25, 2011

Vermelho pode ser violeta

O amor veste um amargo bordeaux
E vem me cobrar impostos.
É que desconheço a tal mistura
Da uva espremida na garrafa de vinho.

Quase cinza, sorri para o fogo
E todos me condenaram.
Ninguém me reconhece mais
Pareço até ser quem nunca morri.

Sopro baforadas de barulho
No silêncio intelectual dos ignorantes.
Esse acúmulo verde dos olhos
Na cegueira vermelha dos amantes.

Eu menti sobre mim,
Sou um ninguém chamado saudade.
Você sabe bem o que eu sempre quis:
Recitar poemas em cardápios de bar.

Naquele dia, você havia misturado
Vermelho com vinho perolado.

Leleco.

Um comentário:

Mariana Xavier disse...

A saudade realmente cria filhos muito bonitos... Uma das melhores poesias do ano até agora. Adorei! E amo você!