sexta-feira, outubro 14, 2011

Abismo de Espelhos

É a tua própria laranja mecânica
Essa camisa-de-força 10mg
Que você engole com vodka
Na necessidade de se esquecer.

O que sabes sobre as traças do meu tempo?

Plantei vômitos em minúsculos banheiros
Desafiando a sósia de minha sombra.
Provavelmente, seria o bastante
Pra demonstrar quem fui.

Agora restou esse dó sustenido
Na coluna febril do meu corpo.
Essa boca seca
Do podre sal de nenhuma saliva
E o seu glaucoma que não enxerga o meu estado de coma.

A poesia não deu em nada!

Carne exposta mal passada, mão na coxa
Sua boca testando meus testículos
Suave orgasmo rouco e nada mais importa
Nem mesmo o desprezo ou piedade.

A poesia não satisfaz!

Coração alheio à incubadora
Aprendiz de solidão
Perca-se nesse abismo de espelhos
Até o escasso branco dos seus cabelos.

A poesia arde o silêncio de sermos reais.

Leleco.

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