sexta-feira, setembro 10, 2010

Chansons de la peur

Era o mesmo homem sentado diante da vida. Nada parecia ter mudado após trinta anos. Falava de amor em línguas estranhas, desafiando o falso saber da juventude. Virou a última página do desejo e riu de si mesmo sem nenhum sentido. Pagou o alto preço de ser escritor.

Anotou num papel pequeno que nem todo sexo é cristão e fingiu esquecê-lo no banco da igreja. Ingenuidade geminiana daquele homem em acreditar que só se morre uma vez. Prometeu parar de fumar e começar uma dieta na semana que vem. Algumas pessoas precisam, realmente, acreditar nisso.Esqueceu como se escreve 500 em algarismo romano e pensou:“- Que diabos está havendo comigo?” Dirigiu sem usar a marcha ré, sentiu frio embaixo do sol, lembrou do seu filho e como chorou. E quis voltar a pé.

Inventou a fraqueza só pra se sentir mais forte e assim continuou... Acendeu alguns amores e quase casou com a solidão. Bebeu pra espantar a timidez e como cantou. Percebeu os olhares e alguns adjetivos, mas ganhou um delicado beijo na testa.

Tentou dormir, tudo rodou, quis vomitar e pensou: “Será que amanhã vai chover?”


Leleco.

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